25 julho, 2008

o verão na cidade grande

O verão na cidade é cruel. Eu não andava fazendo muita coisa, a não ser reclamar do calor, quando fui convidada para uma festa de noivado. Normalmente não sou convidada para festas de noivado. Normalmente não sou convidada para nenhum tipo de festa. Para ser convidada para festas você precisa conhecer pessoas, e eu não era exatamente uma garota popular.

Mas fui. Meio que sem saber por quê, meio que sem conhecer os noivos. Fui pela bebida e pelo ar condicionado do bar.

Principalmente pelo ar condicionado, o verão na cidade é mesmo cruel.

Cumprimentei a todos com um aceno tímido porque não há nada mais detestável do que o costume idiota de beijar o rosto de estranhos. Me sentei e pedi uma cerveja. Fiquei ali pensando em conversar, mas de dentro de mim não saía nada. Acendi um cigarro e me pediram para ir fumar no balcão perto do banheiro.

Eu fui.
No meio da noite, muitas cervejas depois, eu me pendurava no bar contando coisas pessoais ao barman. Ele fingia me ouvir e me entender, mas não o fazia. Coitado, essa profissão deve ser dura.

Alucinada, sempre vejo pessoas que não conheço e juro que conheço. Eles não são meus amigos, mas dou-lhes tapinhas nas costas e quando se viram não me reconhecem. Sorriem e eu finjo que nada aconteceu. Volto para o balcão.

Os noivos já foram embora. O casamento já deve ter acontecido e eu ocupada fumando na bancada do bar perto do banheiro. Os passarinhos cantam lá fora e já é hora de fechar.

Uma mulher bonita passou de braços dados com um homem bonito. Me senti enjoada.

O verão, assim como todas as estações, é cruel na cidade.